segunda-feira, 5 de maio de 2014

Introdução à Permacultura




Uma introdução à Permacultura
O conceito "permacultura", exposto pela primeira vez em livro em 1978 na Austrália por Bill Mollison e Dave Holmgren (1)   (um professor na universidade e o outro estudante de design ambiental), uniu os termos "permanente" e "agricultura". Designava um novo sistema interdisciplinar de planeamento/design ético, ecológico e funcional, para a escala humana e local, que ambos começaram a formular e a implementar no terreno, em meados dos anos 70.

Após a segunda guerra mundial,
  com tanques transformados em tractores e a indústria química da guerra e do petróleo reorientadas para a produção de fertilizantes e pesticidas, a agricultura industrial avançou sobre o planeta e mostrou o seu poder destrutivo sobre os solos e a biodiversidade dos ecossistemas terrestres. Que fazer? Para intervir na sociedade e divulgar esta nova metodologia positiva por todo o mundo, Bill Mollison cria o Instituto de Permacultura e o Curso de Design em Permacultura. Nos anos 80 leva este curso a alguns países "pobres", como Zimbabwe, Índia, Botswana e Brasil. O objectivo era treinar formadores, criar centros de demonstração e formação, e promover a disseminação descentralizada. A permacultura começava por ser aplicada primeiro na vida dos "permacultores" e depois usada no planeamento de "eco-aldeias", projectos comunitários e de escala comercial.

No cerne da permacultura estão os imperativos éticos de consciência e de responsabilidade pessoal perante a exploração e destruição da Terra e a interrogação "os nossos filhos e netos vão herdar um planeta em melhor estado do que aquele que nós encontrámos?". É uma atitude radical que rejeita a organização económica apenas orientada para a maximização do lucro financeiro e mostra alternativas à agricultura de escala industrial (aquela que movimenta quantidades massivas de energia e “matéria-prima” de um continente para outro, escalas de produção ligadas à insustentável, ineficiente e poluente "máquina"-indústria do petróleo e seus derivados combustíveis, fertilizantes e pesticidas).

No Manual de Permacultura (2), em 1988, Bill Mollison definiu:
"Permacultura (agricultura permanente) é o design e manutenção conscientes de ecossistemas agriculturalmente produtivos, que têm a diversidade, estabilidade e resiliência de ecossistemas naturais. É a integração harmoniosa entre paisagem e pessoas, satisfazendo de forma sustentável as suas necessidades de alimento, energia, abrigo e outras necessidades materiais e imateriais. Sem uma agricultura permanente
não existe a possibilidade de uma ordem social estável.
(...)  é um sistema de integração de componentes conceptuais, materiais
e estratégicos num padrão que funciona para beneficiar a vida em todas
as suas formas. A filosofia subjacente à permacultura é a de trabalhar com e não
contra a natureza; de longa e ponderada observação em vez de uma
acção irreflectida prolongada; de ver os elementos dos sistemas em todas as suas
funções, em vez de requerer deles apenas um produto; e de permitir que
os sistemas manifestem as suas próprias evoluções.
(...) A Base Ética da Permacultura. 1. Cuidar da Terra 2. Cuidar das
Pessoas 3. Fixar limites ao crescimento populacional e ao consumo:
Governando as nossas próprias necessidades, podemos dispor de recursos
para apoiar as duas primeiras éticas."





"Árvores e plantas anuais e perenes em pequenos espaços: Maximizar o rendimento através da maximização da captação de energia solar, durante todo o ano, através do empilhamento vertical e sinergias entre plantas úteis abaixo e acima do solo é um dos princípios da permacultura".


Durante os anos 80, o foco deixou de ser somente a regeneração ecológica, a gestão do ambiente e seus recursos materiais, para abranger também o planeamento dos sistemas que satisfazem as necessidades humanas básicas: saúde, tecnologia, construções, energia, educação, finanças, economia, organização comunitária, jurisdição e política. Com a ampliação do leque interdisciplinar, a permacultura passou a ser definida como um sistema de planeamento que visa uma "cultura-permanente", além de uma "agricultura-permanente".

O processo de planeamento implica as tradicionais fases de observação-diagnóstico, análise, proposta, implementação, e monitorização-avaliação. Nele são conceitos e valores centrais: observar extensa e perspicazmente, respeitar a Natureza e tomá-la como modelo, integrar e relacionar num sistema os elementos que suprimem as necessidades uns dos outros, máximar a re-utilização e a multifuncionalidade de cada elemento, diversificar a origem de cada bem essencial, cooperar, pensar globalmente e agir localmente, valorizar aspectos marginais, não poluir e optimizar recursos, empoderar, criar sistemas auto-regulados, obter o máximo rendimento com a  mínima intervenção, assistir às necessidades urgentes e básicas das pessoas e das comunidades, transformar problemas em soluções, eco-literacia, entre outros.

Este planeamento minucioso e funcional, integra as linguagens da ecologia, biologia, antropologia, arquitectura paisagista, agricultura ecológica, eco-psicologia, construção natural, tecnologias apropriadas, desenvolvimento local, economia ética, educação social, etc.

"Vilas em Transição" é uma metodologia para trabalhar à escala de um bairro, freguesia ou município, cujo conceito original nasceu num curso de permacultura em 2006. Com rápida expansão, tem tido grande expressão nas zonas de maior densidade populacional, por responder aos desafios de criar sistemas urbanos mais humanizados, resilientes e sustentáveis.

Num contexto de crise social e económica, e de recorrente aumento do custo dos factores de produção, o planeamento ecológico assente na permacultura poderá ser uma mais valia para adequar as organizações e as estruturas produtivas aos desafios que se adivinham a médio e longo prazo, sejam eles, o acesso à água e a contaminação dos lençóis freáticos, a desertificação e perda de solos férteis, o pico do petróleo, o aumento dos fenómenos meteorológicos extremos, o aumento da toxicidade na cadeia alimentar, o crescimento demográfico e do desemprego, a injustiça ecológica e social.


Exemplos, em Portugal, que podem inspirar planeamentos em permacultura:

O livro “Amoreiras – Permacultura para uma aldeia”
Realizado entre 2010 e 2013, propõe uma visão global e medidas práticas para a Aldeia das Amoreiras, no concelho de Odemira. Tem edição prevista para Maio de 2014.


O Centro de Convergência
Um projecto de desenvolvimento local e de animação socio-educativa, em meio rural desertificado, fazendo a ponte entre a cidade e o campo.

Documentário "Alface"
O que gosta mais aqui na sua horta?
 Esta foi a pergunta que iniciou algumas das conversas registadas no filme. http://vimeo.com/58999047

O  “Festival Sons, Saberes e Sabores” em Chão Sobral
Um evento de escala familiar e local para uma aprendizagem intergeracional e educação não-formal, numa aldeia com 100 habitantes na Serra do Açor.

A Comunidade de Trocas Estrela
Uma comunidade de pessoas dedicadas à revitalização da economia local usando uma moeda de troca alternativa e complementar. http://estrela.e-beira.com/


Internet
Em Portugal


(1) MOLLISON, B. e HOLMGREN, D. Permaculture One: A Perennial Agriculture for Human Settlements. Austrália. Transworld Publishers, 1978
(2) MOLLISON, B. Permaculture: A Designers` manual. Austrália. Tagari Publications, 1988

João Gonçalves
30 de Abril de 2014


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Milk Goats for sale Chao Sobral - Oliveira do Hospital





In Chao Sobral: 2 adult goats for sale,
price is negotiable.

They are good for milking and are small sized.

Will send photos later for those who ask. joaovox @ gmail.com
Please forward to other people who might be interested.

sábado, 15 de março de 2014

Estágio Permacultura - Permaculture Internship


Estágios Permacultura com João Gonçalves

De 10 de Março a 17 de Abril em Chão Sobral, Serra do Açor.

Oportunidade para aprender a aplicação da ética e princípios da Permacultura em Chão Sobral, uma aldeia na Serra do Açor, com 100 habitantes e mais de 500 anos de existência.



Os estágios têm a duração de 6 a 18 dias, de segunda a sábado, e consistem em sessões teórico-práticas com a duração de 5 horas por dia e sessões teóricas de 1 hora por dia.

As sessões práticas estão intregradas no trabalho regular, dos habitantes da aldeia, adequado à estação do ano e às necessidades da entidade organizadora e as sessões teóricas vão ao encontro dos temas de interesse dos estagiários.


    Temas das sessões práticas são, entre outros:
    - estratégias de agricultura de montanha
    - integração de animais (cabras, galinhas e ovelhas)
    - fertilidade do solo
    - construção com pedra seca
    - árvores de fruto e gestão florestal
    - sistemas de água
    - energia renovável



Os estágios funcionam com um máximo de 3 participantes em simultâneo e a programação semanal é co-criada no início dos estágios com os participantes.
   
Alojamento e alimentação são da responsabilidade dos estagiários. Existem opções na aldeia e nos arredores.

A seleção dos candidatos é feita tendo em conta os seguintes critérios:
    - aptidão física e motivação;
    - experiência prévia em trabalho rural;
    - o candidato estar envolvido em atividades que permitam, a curto prazo, a aplicabilidade da aprendizagem;
    - proximidade geográfica;
    - conhecimentos de interesse para a entidade organizadora.

   
Informações a apresentar para candidatura:
    - Currículum Vitae;
    - Motivação para o estágio;
    - Atividades profissional, associativa, voluntariado, tempos livres nos últimos 3 anos.
   
Após ter sido selecionado e para confirmar a aceitação dos presentes termos e disponibilidade nas datas acordadas, o estagiário deverá realizar o pagamento de 20 euros, por transferência bancária.

Com esta oportunidade, queremos ir ao encontro da necessidade de compreensão e vivência da ética e dos princípios de Planeamento em Permacultura num contexto prático, de vida real e integrado na comunidade local e regional, tendo como modelo o funcionamento de comunidades que existem há mais de 500 anos.




Os contatos para apresentar a sua candidatura ou esclarecimentos são o email joaovox @ gmail.com e o telemóvel  96 96 80 009 .
João Gonçalves
Permacultor e animador agro-socioeducativo, de Chão Sobral.
Nos últimos anos tem-se dedicado a projetos e atividades de iniciativa privada e associativa.
Realiza trabalho de campo, facilitação e consultoria (Portugal, Moçambique, Espanha, Itália, Suécia).


Para conhecer algum do trabalho realizado e temas de interesse consulte os sítios e as páginas na internet:
Perfil na Rede Global de Permacultura
http://permacultureglobal.com/users/902-joao-goncalves

Iniciativa de Permacultura, Agricultura Apoiada pela Comunidade e Educação Não-Formal
http://casaverdeamoreiras.blogspot.pt/

Chão Sobral em Permacultura
http://permacultureglobal.com/projects/1118-mountain-steep-permaculture-permacultura-em-declive-de-montanha

Pesquisa sobre as árvores do abacate em Portugal
http://abacateportugal.blogspot.pt/

Atividade da associação de Chão Sobral
http://chaosobral.org/index_pt.htm
   
Canal de vídeos
http://www.youtube.com/joaovox

Pesquisa em Agricultura de escala Familiar
http://agricultura-familiar-tradicional.blogspot.pt
   
Fotos de atividades
https://picasaweb.google.com/joaovox

Fotos com o Centro de Convergência
https://plus.google.com/photos/101754882687596992593
   
Estratégias em Permacultura para Chão Sobral
http://permacultura-terras-altas.blogspot.pt/

Documentos
http://jpmgoncalves.home.sapo.pt/

Pistas para a teoria enactiva da cognição
http://enactive.do.sapo.pt/

Guardião da Rede Convergir
http://www.redeconvergir.net